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[Entrevista] Apocalyptica: confira nossa conversa com Eicca Toppinen sobre a turnê no Brasil e o álbum Cell-0

Em entrevista com Eicca Toppinen da banda Apocalyptica ele nos contou sobre o sentimento de precisar cancelar os shows da turnê Cell-0 devido à pandemia, as expectativas dos shows no Brasil, a escolha de Erik Canales para se juntar nos shows da América Latina, como é o processo de composição e parcerias escolhidas, álbum ao vivo, próximos passos da banda e muito mais.

O Apocalyptica é um grupo de metal sinfônico finlandês formado por três violoncelistas – Eicca Toppinen, Paavo Lötjönen, Perttu Kivilaakso – e o baterista Mikko Sirén.

A banda está se preparando para sua turnê pela América Latina que passará pelo México e cinco cidades do Brasil: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Para falar sobre a turnê e o seu último lançamento de estúdio, o álbum Cell-0, nossa jornalista Tamira Ferreira conversou com o líder da banda Eicca Toppinen e você confere a entrevista completa abaixo:

Tamira: Olá, como você está?

Eicca: Estou muito bem! Como você está? Feliz Ano Novo!

Tamira: Feliz Ano Novo! Estou ótima, muito feliz de falar com você hoje.

Eicca: Legal, eu também.

Tamira: Eu gostaria de começar falando sobre o álbum Cell-0, ele foi lançado em 2020. O álbum fez aniversário no dia 10 de janeiro. Foi bem no começo da pandemia, então eu imagino que vocês tinham planos de sair em turnê, até que tudo estourou. Como foi para vocês lançarem o álbum e depois ter que lidar com a pandemia e as turnês canceladas?

Eicca: Foi muito difícil, porque o álbum meio que perdeu o seu momento. Tivemos que cancelar 100 shows, agendar para mais à frente. Nós fizemos um show e tudo fechou. Foi difícil para o álbum, com certeza, para promovê-lo. O plano era sair em turnê depois do lançamento. Mas são situações que acontecem e o que podemos fazer além de tentar adaptar e continuar com o que tínhamos? Tudo estava fora de controle. Essa turnê é como se ainda fosse para a Cell-0, para um álbum lançado há 4 anos. É estranho sair em turnê para um álbum antigo, mas, felizmente, música não tem tempo.

Tamira: Com certeza! O que eu vejo nesse álbum é que ele é meio que o oposto de Shadowmaker, porque no anterior vocês usaram mais letras com Franky Perez cantando na maioria das canções, e agora vocês escrevem um álbum completo apenas instrumental, sem letras. Como foi para vocês escreverem o Cell-0? Porque ele meio que tem um conceito, você pode sentir as músicas, mesmo sem letras. Ele conta uma história. Como vocês pensam sobre o conceito quando vão compor uma música como para esse álbum?

Eicca: Depois de trabalhar com o Shadowmaker, começamos a turnê de aniversário do álbum com as músicas do Metallica, e nós acabamos fazendo algo totalmente instrumental, voltando às nossas raízes. Depois dessa turnê, nós estávamos animados para fazer algo igual ao que fizemos no álbum Cult, que era ir totalmente seguindo os nossos termos e voltar a um álbum original com apenas músicas instrumentais. A gente pensou no que fazer, em quais partes estarmos envolvidos.

A beleza da música instrumental é que não há letras, então dá uma grande liberdade para o ouvinte de experimentar a música do seu próprio jeito. Criamos essa plataforma para o ouvinte conseguir entrar em sua própria mente e, provavelmente, trazer algumas emoções, sentimentos e memórias. É algo muito interessante, muito libertador, fazer esse álbum apenas entre nós quatro, não tivemos um produtor, produzimos nós mesmos. Então, pudemos focar no que queremos fazer agora, qual tipo de música queremos fazer e não pensar nos resultados ou nada. Foi uma experiência muito libertadora.

Tamira: Eu tenho mais uma pergunta antes da gente falar sobre a turnê, eu gostaria de saber sobre as letras. Elas são bem intensas, a maioria delas é como se você tivesse uma conversa com alguém que você não confia ou você tem algo contra essa pessoa ou alguém que te machucou. Como surge a inspiração para escrever letras? Como vocês decidem seguir esse caminho e escrever esse tipo de letras? Até mesmo nas melodias, você pode sentir mais dessa intensidade, é mais profundo.

Eicca: Primeiramente, nós amamos música porque, por exemplo, eu acho que as músicas mais sombrias podem ser inspiradoras. Eu sinto isso de uma forma positiva. Música sombria não me faz sentir sombrio, às vezes sim, mas na maioria das vezes, faz eu me sentir melhor, mais positivo e mais aberto.

Sobre as letras, elas se baseiam muito nos diálogos internos que temos com nós mesmos. É quando pensamos no que gostaríamos de dizer para as pessoas, mas não temos coragem de realmente dizer. Às vezes deixamos as pessoas nos machucarem, ou nos magoamos com o que as pessoas dizem e surge muito das coisas que não temos coragem de expressar de uma forma honesta. Aí temos esses diálogos raivosos dentro da nossa cabeça, uma conversa com essas pessoas.

É uma experiência que todos nós humanos vivemos em diferentes níveis, essas emoções, encontrando uma forma de processar esses sentimentos. É uma forma de colocar uma voz a essas necessidades e o que precisamos na vida. Como ser valente e ter coragem de realmente dizer o que precisamos. Eu acho que é algo que todo mundo consegue se conectar, com esses assuntos, essas letras.

Tamira: Sim, eu adoro músicas sombrias, são as minhas favoritas. Eu gostaria de falar agora sobre a turnê. Vocês estão animados? É uma grande turnê aqui no Brasil, passando por diferentes cidades. O que vocês estão preparando?

Eicca: Nós estamos muito animados porque por um tempo tocamos em um formato que eram só violoncelos, por causa desse show que fizemos em uma igreja na Finlândia e antes disso não tivemos shows ao vivo por um tempo. Então estamos muito animados. É claro que estamos animados de ir para o Brasil e tocar em mais cidades, será uma grande experiência. Agora nós estamos ensaiando, praticando, checando se está tudo certo e fazendo de tudo para entregar nossa melhor versão do Apocalyptica. Vai ser muito interessante.

Tamira: E vocês anunciaram que vão trazer Erik Canales para ser o vocalista dessa turnê. Eu não o conhecia, fiquei muito animada de conhecer o trabalho dele. Quando vocês se conheceram e como decidiram convidá-lo para essa turnê?

Eicca: Nos encontramos nessa situação que precisávamos achar alguém para se juntar a nós para a turnê e nessa, especificamente, vamos tocar muito no México, então eu pensei no Erik. Na verdade, nós já gravamos juntos, eu acho que foi em 2010 ou 2011, mas tivemos alguns problemas com a indústria. Depois nós nos conhecemos pessoalmente há alguns anos quando tocamos no México. Ele é uma ótima pessoa. Aí eu pensei: “Por que não chamamos o Erick para se juntar a gente”? Vai ser muito legal ver como vai ser, muito positivo.

Tamira: Você falou sobre o Live in Helsinki – St. John’s Church, o álbum ao vivo que vocês tocaram em uma igreja na Finlândia. Como vocês escolheram esse lugar e fazer esse álbum ao vivo? Outra pergunta: Vocês lançaram vários álbuns ao vivo entre Shadowmaker e Cell-0. Por que vocês decidiram lançar álbuns ao vivo? De onde surgiu essa vontade não lançar um disco de estúdio, mas algo ao vivo?

Eicca: Eu acho que a decisão de lançar álbuns ao vivo é porque estávamos fazendo mais coisas nesse conceito ao vivo. Por exemplo, o álbum no St. John’s Church é basicamente algo que gravamos no passado, mas as versões são novas e diferentes. Nós fizemos essa turnê apenas na Finlândia, o que achamos ótimo e essa foi a melhor forma de compartilhar com o mundo e com os fãs de Apocalyptica que não puderam presenciar isso ao vivo. Esse show deu uma nova percepção para várias das nossas canções mais antigas que não estão no nosso setlist. Achamos que essa é uma boa razão de compartilhar com as pessoas.

Com o Metallica By Four Cellos – A Live Performance, é porque havia muitas novas canções do Metallica e foi uma das razões de lançar o álbum ao vivo.

Essa semana nós terminamos o nosso novo álbum, que será lançado logo, ainda esse ano. Trabalhamos nele durante o ano passado enquanto tocávamos ao vivo. É sempre produtivo fazer um álbum de estúdio, criar música, fazer os preparativos para gravar e produzir. Dá muito trabalho conseguir produzir um álbum e fui muito intenso o processo. Mas depois de quatro anos vamos lançar um novo álbum.

Tamira: Minha última pergunta é sobre o novo single com a Elize Ryd do Amaranthe. Vocês já tocaram com ela anos atrás, mas apenas lançaram uma música juntos agora. Por que vocês decidiram chamá-la para essa música? Como tudo começou com esse single e por que decidiram chamar a Elize?

Eicca: Eu escrevi essa canção com Mark, um amigo sueco, há muito tempo. E com o Apocalyptica, nós queremos uma certa rotina de lançamentos de novas músicas, mesmo tendo muito trabalho com os álbuns de estúdio, nós queremos sempre lançar algo novo para os fãs curtirem. Com o processo do novo álbum e o lançamento do St. John’s Church, seria um bom momento de terminar essa canção. Convidamos a Elize porque ela é uma excelente cantora e é alguém que conseguiria interpretar essa canção que tem uma vibe metal, mas também é um pouco mais pop. Não é muito pop, mas tem essa pegada. Você sabe como é a canção.

Tamira: (risos) Sim, eu sei!

Eicca: A canção necessitava dessas características de quem fosse cantar. E Elize é uma cantora maravilhosa em muitos sentidos. A semente foi plantada quando saímos em turnê no começo de 2020. Aí pensamos quando o tempo for certo e a música também, nós faremos algo juntos e agora foi esse momento.

Tamira: Quando você convida alguém para uma música, você pensa: “Eu quero escrever essa canção e convidar essa pessoa”. Ou é quando a música está pronta e você pensa que combina com esse artista? Como é esse processo: é durante a composição, antes ou depois?

Eicca: É diferente a cada música, às vezes tem uma canção com letras e ela está quase pronta, aí escolhemos. Às vezes a gente escreve com o artista convidado desde o começo como com o Joe Duplantier do Gojira. Eu estava no estúdio com o Joe e começamos do nada e escrevemos Bring Them To Light em dois dias. Às vezes a música está pronta e a gente começa a pensar em quem seria a pessoa certa para cantar. Às vezes nós queremos trabalhar com essa pessoa, e quando conseguimos a confirmação de que vamos fazer algo juntos, nós começamos a pensar qual será a melhor forma de criar a música.

Tamira: Muito obrigada pelo seu tempo! A gente se vê na próxima sexta em São Paulo.

Eicca: Muito obrigado! A gente se vê semana que vem, tenha um ótimo dia.


Chamada Cell-O, a turnê de divulgação do mais recente álbum do Apocalyptica passará por cinco cidades brasileiras: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Confira as datas e os locais de venda dos ingressos:

16 de janeiro: Porto Alegre (Teatro Bourbon Country) – ingressos no Uhuu
17 de janeiro: Curitiba (Ópera de Arame) – ingressos no Bilheto
19 de janeiro: São Paulo (Carioca Club) – ingressos no Clube do Ingresso
20 de janeiro: Brasília (Toinha Brasil Show) – ingressos no Clube do Ingresso
21 de janeiro: Rio de Janeiro (Circo Voador) – ingressos na Eventim


Foto: Instagram @eiccatoppinen

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