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[Resenha] The Ghost Inside encontra a paz em “Searching for Solace”

“Searching for Solace” soma a sonoridade característica do The Ghost Inside com vocais melódicos, riffs irresistíveis e energia capaz de incendiar as maiores arenas do mundo



Com vinte anos de estrada — e tendo sobrevivido a um trágico acidente que levou a banda a um hiato no final de 2015 —, a veterana do metalcore, The Ghost Inside, parece mais resiliente que nunca. Muito mais que uma extensão do álbum autointitulado lançado em 2020, “Searching For Solace” chega carregado de emoções arraigadas; é proposital, coeso e uma prova inegável de que a TGI (ainda) está no auge de sua carreira.

Desta vez, a banda se apoia mais em vocais limpos do que no passado. Em vez de diluir o resultado, isso reforça o alcance e a acessibilidade de um grupo já muito comercial. As faixas foram feitas sob medida para conquistar o público, com refrões poderosos e fáceis de cantar ao vivo, além de uma balada sofrida para os fãs acompanharem com isqueiros e lanternas de celular. Como sempre, a produção é caracteristicamente limpa, sem excessos, desperdícios ou “encheção de linguiça“.



Tudo segue uma receita já conhecida e testada à exaustão, passando muito longe de reinventar a roda do metalcore. Do início ao fim, “Searching for Solace” faz a aposta segura de “não mexer em time que está ganhando”, para a alegria da legião de fãs da banda em todo o mundo.

Todos os elementos clássicos do estilo estão presentes e o álbum é pesado onde precisa ser. Ao mesmo tempo, respeitados os limites definidos pelo subgênero, a banda consegue incorporar dinâmicas e variações muito bem-vindas ao longo das onze faixas. Além de estabelecer uma demarcação clara entre as seções pesadas e melódicas, a The Ghost Inside injeta seções ocasionais de thrash ao mix e, no extremo oposto da escala, eles trazem momentos mais calmos, toques sutis de música eletrônica e elementos limpos e acústicos.



Já na abertura, “Going Under” não deixa dúvidas sobre as intenções do álbum, explodindo nos alto-falantes. “Wrath” (Fúria, em inglês) faz juz ao nome e esbanja trechos carregados de vocais rasgados/gritados, que se transformam em refrões limpos e grandiosos que certamente farão os fãs cantarem a plenos pulmões, especialmente ao vivo.

A bateria promove um espetáculo à parte em “Searching for Solace“, conseguindo se destacar em todas as músicas, e é ela que carrega o tempo mais arrastado de “Death Grip” — considerada por muitos a melhor faixa do álbum.



Mais metal do que core, “Light Years” equilibra riffs que fariam até sua mãe entrar em um mosh pit e trechos melódicos e limpos, que se incendeiam com um punk rock impaciente e inspirado no meio da música.

Em “Wash It Away“, Vigil transforma as linhas vocais em uma torrente de melodia e emoção, como se estivesse lutando uma batalha pessoal de vida ou morte.



A partir deste ponto (a metade do álbum), a banda inicia uma jornada tortuosa em direção a um encerramento coeso, passando por trechos especialmente pesados, clássicos do estilo –core (como em “Wrath” e “Split“), momentos excepcionalmente comerciais — mas ainda agradáveis —, pontuados por um contrabaixo deliciosamente dominante (“Earn It” e “Breathless“) e aproveita uma pausa contemplativa muito bem-vinda com a balada “Cityscapes“, repleta de guitarras envolventes.

Searching for Solace” pretende exorcizar os fantasmas que têm acompanhado a banda desde o acidente fatídico em novembro de 2015 e, até mesmo em suas faixas menos marcantes, consegue deixar uma impressão profunda, impossível de apagar.


A The Ghost Inside esteve recentemente no Brasil e entregou um show apaixonado e inesquecível para todos os fãs presentes. Confira a nossa resenha!

Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

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