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Resenha: Queens of the Stone Age “In Times New Roman”

Um álbum sombrio e desorientador, para ouvir em caixas de som, no último volume… e os vizinhos que lutem!

Por Aida Mori e Allan Mori / Fotos: Andreas Neumann

“A Times New Roman é uma família tipográfica serifada criada em 1931 para uso do jornal inglês The Times of London[1][2]. Hoje é considerada o tipo de fonte mais conhecido e utilizado ao redor do mundo.” — Wikipedia

O paralelo com o nome da fonte realmente parece uma releitura do rock que o Queens of the Stone Age tem entregue ao longo dos anos. In Times New Roman é praticamente um jornal. A “fonte” é a mesma para todas as músicas, com uma paleta de cores, ou melhor, sons muito semelhante durante todo o álbum.

Até a metade, soa como uma atualização formatada do som antigo da banda. Daí para a frente, surge uma musicalidade um pouco mais criativa, pontuada por momentos de ousadia. Os riffs do baixo, colando com a marcação sem folga da bateria, formam a cozinha perfeita para os vocais e guitarras pintarem texturas e contarem suas histórias. A produção é minimalista e serve apenas para aparar as arestas e colocar as coisas no devido lugar.

A jornada

O ponto de partida é “Obscenery”, que estabelece muitas das justaposições do álbum. Ela navega por diferentes sentimentos, passando de um funk robótico a uma ponte atrevida que culmina em um refrão “chiclete”, enquanto a letra usa desde um trocadilho [de gosto duvidoso] do título até um convite dizendo “me foda até eu perder a cabeça” e um trecho sobre “amputados emocionais”. Para não sobrecarregar o ouvinte com tanta informação, “Paper Machete” (abaixo) retorna imediatamente à veia mais tradicional do QOTSA, com o clássico ritmo motorik e uma sessão de lavação de roupa suja tratando obviamente da vida pessoal de Josh.

“Negative Space” tem uma abordagem mais sensual e fala sobre mergulhar no esquecimento, “Made To Parade” caminha na direção de um rock mais glam e uma pontada de desprezo, “What The Peephole Say” é estranhamente alegre e ácida, com uma pegada new wave. Tudo leva a “Straight Jacket Fitting”, uma faixa de encerramento monstruosa que se estende por nove minutos [o mesmo tempo que “Faroeste Caboclo”…] e contempla a insanidade em todos os níveis.

Veredito

A coisa toda é um exorcismo de vários anos de situações particularmente intensas. O espírito brincalhão de Joshua permanece, mas, onde antes havia bom humor, agora pairam sombras e ressentimentos que têm origem na perda de amigos próximos (Taylor Hawkins e Mark Lanegan), o diagnóstico de câncer e o divórcio nem um pouco amigável que o vocalista teve que enfrentar.

É um álbum para revalidar a essência da banda, com um rock despretensioso e direto. Em In Times New Roman, o Queens of the Stone Age parece se formatar, mas usando os mesmos elementos que sempre utilizaram e já fazem parte da história da banda. O álbum soa como uma declaração de que eles continuam fazendo aquilo que gostam de fazer, do jeito que gostam de fazer — sem reservas — e, certamente, será um favorito dos fãs mais arraigados.

Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

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