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Com duas sessões esgotadas no sábado (17/05), em São Paulo, Fabio Lione encerra turnê solo revisitando clássico de sua antiga banda

A relação de Fabio Lione com o Brasil já dura doze anos, iniciada quando ele entrou no Angra em 2013. Mesmo sem ter compromissos fixos com a banda, o vocalista faz questão de visitar o país para fazer shows solo, o que reforça a ideia de que é o italiano mais brasileiro do mundo, merecendo um CPF por isso.

Resenha por: Gabriel Arruda | Fotos por: Thammy Sartori

Essa é a segunda turnê solo dele no Brasil neste corrente 2025. A primeira aconteceu entre janeiro e fevereiro e passou por diferentes fases da sua carreira, além de alguns covers. Nesta segunda visita, que começou no final de abril e terminou em São Paulo no último final de semana com três apresentações, o vocalista cantou na íntegra um dos álbuns mais marcantes da história do Rhapsody, Symphony Of Enchanted Lands (1998). Considerado um dos discos mais importantes da história do power metal mundial, o álbum narra a continuação sobre a saga da Espada Esmeralda, iniciada no álbum Legendary Tales (1997).

Porém, por ter elementos sinfônicos, esse álbum não podia ser tocado de qualquer jeito. Fabio, junto com a produtora Estética Torta, decidiu incluir uma mini-orquestra e coros épicos para dar ainda mais impacto na execução das músicas. Quem esteve em uma das sessões realizadas no sábado, dia 17, ou no domingo, dia 18, no teatro APCD, pôde assistir a um espetáculo de arrancar aplausos. 

Dogma: um visual chamativo e sensual, combinado com uma sonoridade que surpreende

Às 15h20, às freiras da Dogma fizeram as honras antes do italiano e sua trupe subirem ao palco. Após duas semanas da apresentação no festival Bangers Open Air, a banda feminina foi convidada para abrir alguns shows da turnê. O público, ainda pequeno, reagiu com timidez em algumas músicas, mas a resposta melhorou com o tempo. Mesmo em território diferente, a banda entregou mais um show surpreendente.

Quem viu pela primeira vez ficou impressionado com o visual e a sonoridade, que transita entre o heavy metal, hard rock e um pouco de influência pop. Quem já assistiu antes, viu um show semelhante ao do ano passado no Odin’s Krieger Festival, com o primeiro álbum – lançado em 2023 – tocado na íntegra e mais algumas novidades como Banned e o cover de Like A Prayer, da rainha do pop Madonna.

As irmãs já consideram o Brasil como uma segunda casa. O sucesso do Bangers e as apresentações em outros estados aumentaram seu reconhecimento no país. O retorno, imagino, só depois de lançarem o novo álbum. Segundo fontes nos bastidores, o lançamento deve ocorrer até 2026. Oremos!

Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah

GALERIA DE FOTOS:

Fabio Lione: uma jornada épica pelas terras encantadas

Após um atraso considerável, a introdução de Epicus Terror fez o sistema de som do teatro pegar fogo. A atmosfera era única, o ambiente acolhedor, mas a energia da plateia era contagiante. Assim que Fabio e banda começaram com Emerald Sword, os fãs vibraram como se estivessem comemorando um gol. Antes Wisdom of the Kings, Fabio deu as suas primeiras palavras, pedindo que alguém anunciasse a próxima música. Como ninguém quis responder, ele brincou com um fã que estava com a camiseta do Rhapsody, que não soube responder. Isso trouxe risadas e deixou o clima ainda mais descontraído.

Nessa primeira parte, um dos momentos mais marcantes foi em Eternal Glory, que mostrou toda a força e beleza da mini-orquestra e dos corais, recebendo aplausos calorosos. Depois, veio Beyond the Gates of Infinity, uma das músicas mais pesadas do álbum. Fabio relembrou o processo de composição ao lado de Luca Turilli, descrevendo a faixa como “sinistra”.

 

Até então, o público estava sentado, mas tudo mudou com Wings of Destiny. Fabio incentivou todos a se levantarem para acompanhar essa balada emocionante – momento que se tornou o primeiro ponto alto da noite. Logo depois, The Dark Tower of Abyss brilhou com uma introdução de cordas impecável; ao final, Fabio fez questão de elogiar o tecladista Flávio Salim, que teve um destaque especial na conclusão da música.


Depois veio Riding the Winds of Eternity, dedicada ao saudoso Christopher Lee, e o encerramento ficou por conta da faixa-título Symphony of Enchanted Lands. Fabio descreveu essa música como uma composição muito bem articulada e, para celebrar, saiu do palco e foi até o meio do público – gesto que fez todos se levantarem novamente para viver aquele momento bem de perto. Esse primeiro set foi uma verdadeira celebração épica de um álbum histórico, tocado com maestria, emoção e muita conexão com os fãs.

A performance do Fabio Lione é realmente digna de aplausos e elogios. É impressionante como, mesmo com pouco tempo de descanso, sem muita preparação ou aquecimento, ele conseguiu cantar de forma impecável. Durante as duas horas de show, ele interagiu bastante com o público, demonstrando sua gentileza e carinho pelos fãs. Depois do espetáculo, sempre aparecem comentários dizendo que a voz dele fica melhor nas músicas do Rhapsody do que nas do Angra, mas prefiro não entrar nesse debate, pois a voz dele funciona bem em ambos os estilos. 

Quanto à banda, composta pelos guitarristas Thiago Maranduba (Nesher) e Vitor Loper (Delohim), o baixista Fernando Poy (Nesher), o baterista Adailton Domingues (Nesher) e o tecladista Flavio Sallin (The Heathen Scythe), estavam afiados e bem ensaiados.

Mas a noite ainda reservava mais surpresas. Antes de começar o segundo set, Fabio brincou o público com o seu tradicional solo vocal, com direito a Still Loving You, do Scorpions, cantada a capella.

Nessa segunda parte, a orquestra participou menos, já que muitas músicas não exigiam esse suporte – exceto por The Wizard’s Last Rhymes, que ganhou reforço especial de metais, tornando a faixa ainda mais épica.

A sequência seguinte foi eletrizante: Land of Immortals, Rain of a Thousand Flames e Holy Thunderforce incendiaram o palco com toda a velocidade e intensidade típicas do chamado “metal espadinha”, fazendo os fãs mais fervorosos vibrar bastante. Depois de tanta adrenalina, veio um momento mais tranquilo com Lamento Eroico, cantada em italiano – uma pausa emocional e melancólica no meio do set.

Perto do fim, Fabio nos surpreendeu novamente com uma homenagem emocionante a Freddie Mercury ao interpretar um cover de We Are the Champions, do Queen e que teve a participação de Pedro Oliveira, membro do coral. Fabio comentou que Mercury “não era apenas um vocalista – ele era O vocalista”, enfatizando toda sua reverência ao ícone.

Para encerrar com chave de ouro, não havia escolha melhor do que colocar Dawn of Victory. Foi um final realmente empolgante, uma maneira perfeita de celebrar o legado do Rhapsody e a paixão pelo power metal, deixando a noite com uma energia contagiante. A gente torce para que tenham mais oportunidades assim no futuro. E, pelo que tudo indica, a chance de isso acontecer é grande, já que o Angra vai entrar em hiato em agosto e o Mago provavelmente terá bastante tempo livre para dedicar a esse projeto.

Fabio Lione – Symphony of Enchanted Lands:

Epicus Furor

Emerald Sword

Wisdom of the Kings

Heroes of the Lost Valley

Eternal Glory

Beyond the Gates of Infinity

Wings of Destiny

The Dark Tower of Abyss

Riding the Winds of Eternity

Symphony of Enchanted Lands

Fabio Lione – setlist 2:

In Tenebris

Knightrider of Doom

Land of Immortals

The Wizard’s Last Rhymes

Rain of a Thousand Flames

Lamento Eroico

Holy Thunderforce

We Are the Champions

Dawn of Victory

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