Eventos e Coberturas

Best of Blues and Rock 2025: sábado com pouco blues, mas uma grande celebração ao rock

No último sábado (14), o festival Best of Blues and Rock celebrou a sua 12ª edição e trouxe artistas lendários para o palco do Parque Ibirapuera

Essa era a segunda semana de festival tendo na primeira semana Dave Mathew’s Band como artista principal nos dois dias.

Para esse final de semana, contaríamos com dois grandes ícones do rock n’ roll, Alice Cooper no sábado e Deep Purple no domingo.

No sábado também teríamos Charlie Brown Jr., Larissa Liveir e Black Pantera, o que trouxe muito rock n’ roll para o dia, mas acabou deixando o blues de lado.

Você confere como foi abaixo:

Chegamos no Parque Ibirapuera por voltas das 15h30 e encontramos uma pequena quantidade de pessoas em frente ao palco, muitos usando a maquiagem característica de Alice Cooper. O bom é que estava bem frio e toda a produção dos fãs que estavam aguardando o último show iria se manter intacto.

Marcão Britto e Thiago Castanho – Charlie Brown Jr.

Pontualmente as 16h subiram ao palco os integrantes remanescentes do Charlie Brown Jr. Um dos maiores nomes do rock nacional.

A ideia desse projeto veio dos guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho (membros originais) para celebrar o legado de 30 anos da banda. Também estão com eles os músicos: André “Pinguim” Ruas (bateria), Bruno Graveto (bateria), Rafael Carleto (voz) e Denys “Mascote” Rodrigues (baixo).

Mesmo com uma pista praticamente vazia, os músicos entregaram toda a energia que sempre dominou o estilo de música deles e trouxe um setlist cheio de hits da carreira do Charlie Brown já começando com Papo Reto e atraindo a todos ali com uma das músicas mais conhecidas deles.

Você pode até não ser fã de Charlie Brown Jr., mas é impossível ignorar a relevância que a banda tem para o rock nacional e tudo que eles conseguiram construir sendo de um estilo tão nichado e cantando em português.

Mesmo quem não acompanha a banda fielmente sabia as músicas que estavam sendo tocadas ali como: Te Levar Daqui, Como Tudo Deve Ser (cantada por Marcão), Céu Azul (cantada por Thiago), Só Os Loucos Sabem, Zóio de Lula, Proibida Para Mim, entre outras.

Além de muita energia em cima do palco vinda de todos os integrantes que constantemente apontavam para o público e notavam quem estava cantando as músicas, os músicos também demonstravam gratidão por estarem ali.

O que era muito visível durante todo o show era a semelhança de Rafael Carleto com Chorão, até em seus trejeitos e nas frases de efeito que Chorão usava durante os shows eram ouvidas por Rafael.

Essa questão da substituição de um vocalista é sempre um tabu no meio da música, muitas pessoas esperam que o novo seja exatamente igual ao anterior. Eu, particularmente, não gosto, até porque Chorão sempre será único e tentar calçar seus sapatos pode ser apertado demais para qualquer pessoa. E isso acaba suprimindo a verdadeira personalidade do cantor que está ali. Não tem muito bem como saber quem Rafael era porque ali ele estava sendo um “cover” do Chorão.

O show do Charlie Brown Jr. nessa edição do Best Of Rock And Blues mostra o poder e impacto da banda na música nacional e como grandes bandas surgiram aqui no Brasil.

Eles saíram do palco agradecendo ao público e mostrando a felicidade de estarem em cima do palco podendo continuar o trabalho de quem não está mais aqui como o Chorão e o Champignon.

Larissa Liveir

Segundo show do dia foi da guitarrista Larrisa Liveir que começou a fazer sucesso na internet postando vídeos em suas redes sociais tocando clássicos do heavy metal.

Larissa sobe ao palco com uma banda completa de músicos que sabiam exatamente o que faziam ali e prontos para contar a história do metal através de seus instrumentos.

O show contou apenas com covers como Raining Blood do Slayer, Sad But True do Metallica, Still Loving You do Scorpions e Johnny B. Goode do Chuck Berry. A maioria das canções apenas instrumentais, mas algumas contavam com um vocalista como em Whole Lotta Love do Led Zeppelin.

Com uma pista mais cheia, as pessoas aproveitaram esse show para beber enquanto ouviam suas músicas favoritas e cantavam as letras de cada canção tocada ali.

Um ponto alto do show foi a participação da guitarrista Nita Strauss que subiu ao palco para tocar The Trooper do Iron Maiden com Larissa.

A participação de mulheres no heavy metal vem desde o surgimento do estilo, mas é muito mais comum vermos vocalistas. O espaço para musicistas tocando diferentes instrumentos ainda é raro de ver. Se não é uma banda 100% formada por mulheres, poucas vezes se nota uma participação feminina em uma banda.

Ter duas guitarristas tocando juntas e mostrando toda a sua qualidade com o instrumento é uma mudança agradável para a cena e mostra que é possível modificar isso e ter mais mulheres como musicistas dentro do metal.

Black Pantera

O Black Pantera é um dos maiores nomes do metal nacional e fura uma bolha que muitas vezes foi racista e supremacista entre as bandas do estilo.

Era raro ver artistas negros no meio do metal, mas isso vem mudando aos poucos e causando um forte impacto para a cena musical. Ver bandas como Punho de Mahin, por exemplo, uma banda de integrantes negros fazendo punk rock, era algo difícil de se ver alguns anos atrás.

Com o Black Pantera, a gente encontra uma banda que faz questão de usar a música como uma voz para a comunidade negra, mas também para as mulheres, LGBTQIA+ e outras minorias que são constantemente caladas e suprimidas.

O show deles mostra exatamente a proposta da banda e sua personalidade, tudo é minimamente pensado para passar uma mensagem para todos que estão ali assistindo.

Trazendo seu álbum mais recente, Perpétuo, o trio tocou músicas como Candeia, Fudeu e a faixa que leva o mesmo nome do álbum. Porém eles também passaram por canções de toda a carreira deles como Fogo nos Racistas, Seleção Natural, Revolução é o Caos e Provérbios.

Na hora de Só As Minas, a banda chama as mulheres que estão no público para abrir a roda de mosh e mostrar toda a sua força, tendo um lugar dentro do metal que já é seu, mas é constantemente apagado. Atrás, no telão, estava escrito Black Pantera nas cores da bandeira LGBTQIA+, o que dava um toque a mais de aceitação e acolhimento.

As canções do Black Pantera têm uma mensagem bem explícita contra o preconceito, mas era algo falado constantemente pelos seus membros. Charles pedia para as pessoas cantarem: “Fogo nos racistas, fogo nos fascistas, fogo nos machistas, fogo nos nazistas”. Algo que era acompanhado por muitos, mas não todos, algumas pessoas mais ao fundo estavam de braços cruzados e sem reagir ao pedido do vocalista.

Entretanto, nem só de mensagem e militância é o show do Black Pantera, é preciso falar sobre sua qualidade musical que traz diferentes estilos nacionais, que surgem da comunidade negra, e se mistura com o heavy metal e o punk. Ele também mostra a essência nacional da banda e como é possível fazer algo tipicamente brasileiro dentro de um estilo internacional.

O Black Pantera é uma banda popular entre os fãs de metal, principalmente os mais jovens e foi interessante ver a banda tocando em um festival que tem uma majoritária de pessoas mais velhas. Eles mostraram que o estilo ainda está muito vivo dentro da nossa cena e ainda mais revolucionária, como é o papel do heavy metal desde o início.

Setlist Black Pantera:

Candeia

Provérbios

Padrão é o caralho

Mosha

Seleção natural

Perpétuo

Fogo nos racistas

Tradução

Fudeu

Só as mina

Unfuck This

Dreadpool

Revolução é o caos

Boto pra fuder

Alice Cooper

Com o fim do show do Black Pantera, era hora de preparar o palco para o show principal da noite, Alice Cooper.

As expectativas entre os fãs eram grandes, muitos haviam chegado cedo e já estavam na grade do show, com a maquiagem característica do artista e esperando por aquele momento tão significativo para os fãs.

O show começou pontualmente e contava com uma grande cortina que era uma capa de jornal escrito (em inglês): “Banido no Brasil, Alice Cooper”. É quando a cortina cai que o espetáculo (não dá para chamar uma apresentação de Alice apenas de show) começa.

A maior característica de suas apresentações são as performances grandiosas, com muita atuação que nos transporta para diferentes musicais onde, em cada música, Alice assume um diferente personagem e nos guia em suas histórias. Algo que também é característico do artista são as letras que narram histórias e diferentes aventuras.

Para isso, havia trocas de roupas, para cada canção Alice usava um paletó diferente e tinha um acessório em sua mão como uma espada de pirata ou uma muleta. Ele era o personagem principal de cada canção, mas também era quem guiava o espetáculo, com gestos, ele levava seus músicos para diferentes lugares e mostrava o que cada um deveria fazer.

Falando em músicos, a sua banda é uma importante parte do show, além de serem grandes instrumentistas, eles traziam a energia certa para a apresentação. Tinha momentos em que era até difícil saber para onde olhar porque todos chamam atenção em cima do palco. Principalmente a guitarrista Nita Strauss, que tem uma consolidada carreira tocando com diferentes artistas e abrilhantava ainda mais o show.

Sobre o setlist, tínhamos a história de mais de 60 anos de carreira, passando por grandes clássicos como No More Mr. Nice Guy, He’s Back (The Man Behind the Mask), School’s Out, Feed My Frankenstein e Poison.

Também tínhamos personagens que apareceram durante o show para deixar tudo ainda mais teatral como o Jason de Sexta-Feira 13 que apareceu em The Man Behind the Mask para “matar” um stalker que subiu ao palco para tirar fotos da banda. Tivemos um boneco gigantesco com o rosto de Alice em Feed My Frankenstein e a lindíssima Marie Antoine Death que é interpretada pela esposa do cantor, Sheryl Cooper.

Foi essa personagem a encarregada de encenar a cena mais icônica do show de Alice, a guilhotina.

Durante a canção Ballad of Dwight Fry, Alice entra no palco com uma camisa de força cantando a aterrorizante balada, até que consegue se soltar da camisa e “matar” seu carrasco que estava ali para manter o cantor aprisionado. Quando ele tenta atacar Marie Antoine Death, ela o seduz e o leva até a guilhotina para ser “decapitado”. É um momento digno de show de mágica.

Depois, a personagem dança com sua cabeça cortada durante I Love the Dead.

Alice só volta para o palco em School’s Out, usando um belíssimo paletó branco e cartola. Além do clássico, ele canta o refrão de Another Brick in the Wall, Part 2 do Pink Floyd.

O show termina com Feed My Frankenstein e uma energia altíssima que estava presente desde o começo do show.

Independente se você for fã ou não, ver um show de Alice Cooper deveria ser uma regra dentro dos amantes de heavy metal e rock n’ roll porque ele nos dá uma aula de música e atitude mostrando como a criatividade desse grande artista é um presente para nós meros mortais.

É também visível a disposição que Alice mantém fora e em cima do palco no alto dos seus 77 anos. Ele ainda se mostra completamente lúcido e com muita energia durante todo o show, fazendo até as encenações teatrais e cantando com muita facilidade.

A noite fria de sábado se encerra com Alice agradecendo aos fãs por estarem ali e com uma grande mensagem final: “Que todos os seus maiores sonhos se tornem pesadelos”.

Setlist Alice Cooper:

Lock Me Up

Welcome to the Show

No More Mr. Nice Guy

I’m Eighteen

Under My Wheels

Bed of Nails

Billion Dollar Babies

Snakebite

Be My Lover

Lost in America

He’s Back (The Man Behind the Mask)

Hey Stoopid

Drum Solo

Welcome to My Nightmare

Cold Ethyl

Go to Hell

Poison

The Black Widow

Ballad of Dwight Fry

I Love the Dead

School’s Out / Another Brick in the Wall, Part 2

Encore:

Feed My Frankenstein

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.