[Bangers Open Air]: Segundo dia oficial mostra a força da fidelidade dos fãs de heavy metal
Os shows no domingo foram dedicados para os fãs fiéis de heavy metal e aqueles que seguem na cena por décadas sem deixar a fase passar, além de ser um dos dias mais lotados do final de semana
Quando houve a mudança de nome do festival de Summer Breeze Brasil para Bangers Open Air e o anúncio do lineup contendo uma grande variedade de estilos dentro do heavy metal, muito se foi questionado sobre as decisões de seus organizadores.
Havia até a ideia de que o festival não teria sucesso e não sobreviveria após 2025. O que foi um argumento completamente errado e essa edição nos mostrou que o festival está mais vivo do que nunca, com uma qualidade de alto nível, excelente organização, ótima escolha de bandas e um público fiel que lotou até o domingo (4).

Bangers Open Air anuncia datas do festival para 2026, confira aqui.
Beyond The Black

No domingo chegamos bem cedo, antes mesmo dos portões abrirem. Por volta das 9h40, os músicos do Beyond The Black estavam tranquilos na frente do palco organizando tudo que precisava para ser a primeira banda do dia.
Passaram o som, organizaram os instrumentos e depois deixaram os colegados do Lord Of The Lost fazerem sua passagem de palco, o show deles era logo depois.
Um pouco depois das 10h, os fãs começaram a entrar no festival e corriam para ocupar seu lugar à grade. Jennifer Haben, vocalista do Beyond The Black, ainda sentada na ponta do palco, falava oi para cada pessoa que aparecia ali. Depois eles saíram para se arrumar para o show que começou pontualmente às 11h50.
O sol já estava bem forte e sem uma brisa se quer para refrescar, mas os fãs de Beyond The Black se encontravam posicionados a frente do palco para aquele momento especial já que era a primeira vez dos alemães em solo brasileiro.
Confira nossa entrevista com Beyond The Black aqui.
Formada por: Jennifer Haben (vocalista), Chris Hermsdörfer (guitarra, vocal de apoio), Linus Klausenitzer (baixo), Tobi Lodes (guitarra, vocal de apoio) e Kai Tschierschky – (bateria), seus integrantes entraram um por um ao palco.
Em nossa entrevista, Jennifer disse que iriam trazer canções de diferentes momentos da carreira do Beyond The Black e a ideia era deixar a energia mais alto possível já que é esse o clima de um festival. E foi exatamente o que eles entregaram. A animação de seus músicos contagiava a todos que estavam na plateia. Cada um mostrava uma energia e felicidade diferente, mas todos estavam completamente entregues ao momento.
Jennifer olhava atentamente para cada fã, acenava para eles e sorria como se eles estivessem em um pequeno pub tocando para poucas pessoas. Os outros integrantes sorriam para os fãs e cantavam olhando diretamente em seus olhos os clássicos da banda.
Mas mesmo que esse clima intimista tomava conta dos músicos e do público, o show em geral nos mostrava toda a grandiosidade e qualidade do Beyond The Black.
Os shows em festivais da banda costumam ter adereços como o grande tambor da vocalista, acessórios e máscaras que ela costuma usar durante o show, entre outras coisas. Porém, eles não conseguiram trazer nada disso já que a banda passaria por várias cidades da América Latina e seria muito difícil carregar tudo.
Coube a seus músicos entregarem a magnitude de um festival utilizando seus instrumentos e todo o carisma que retoma a banda. E eles conseguiram completar muito bem essa missão.
Jennifer agitava o público e puxava diversos “hey, hey, hey” que cabiam perfeitamente nas músicas, o que mostrava como a escolha do setlist foi bem pensada e conseguiu agitar a todos ali.
Foi um show que agradou, e muito, seus fãs que estavam ali especialmente para vê-los, mas também conseguiu seduzir as outras pessoas que estavam por lá sem conhecer quem estava em cima do palco.
As bandas de metal melódico sempre tiveram um lugar de destaque no Brasil e na América do Sul, então colocar as bandas da nova geração do estilo é sempre uma escolha certa, como foi o Beyond The Black.

Setlist Beyond The Black:
In the Shadows
Hallelujah
Songs of Love and Death
Wounded Healer
Reincarnation
Heart of the Hurricane
Is There Anybody Out There?
When Angels Fall
Lost in Forever
Shine and Shade
Lord Of The Lost

Saindo do metal melódico do Beyond The Black, tivemos uma das bandas mais aguardadas do festival, com todo o seu gótico e industrial, o Lord Of The Lost.
Confira nossa entrevista com o Lord Of The Lost aqui.
Algo que chama atenção na banda é sua superprodução de maquiagem e roupas, desafiando as regras de gênero e o que é imposto dentro do heavy metal.
Todos os integrantes estavam usando roupas do vestuário feminino como vestidos, saias ou blusas, também tinham cabelos coloridos e estavam com uma maquiagem bem pesada que não durou por muito tempo por causa do calor que estava fazendo. Tudo isso compunha o estilo da banda e se completava com a personalidade de suas músicas, a única coisa que atrapalhou foi o sol quente que batia direto nos músicos e eles estavam suando bastante. Até o baixista Class colocou uma toalha na cabeça para tentar se proteger do sol e refrescar.
Formada por: Chris Harms (vocais, guitarra, violoncelo), Class Grenayde (baixo, vocais de apoio), Gared Dirge (piano, sintetizador, percussão, guitarra, Teremim), π (Pi Stoffers) (guitar, vocais de apoio) e Niklas Kahl (bateria).
É segunda passagem da banda pelo festival, eles também tocaram aqui em 2023, dessa vez encontraram uma legião de fãs fiéis que estava ali especificamente para vê-los. Isso era notável ao presenciar o público pulando, batendo palma e cantando todas as músicas. O que era de muito agrado de todos os membros, principalmente do vocalista Chris. Ele agitava cada vez mais o público e se abaixava para olhar diretamente para eles esperando um retorno que era atendido prontamente.
O sol e o calor não impediram, nem um momento, os seus músicos de dançarem e pularem durante as músicas. O que se via em cima do palco era um sentimento de gratidão e animação por estarem ali em contato com os fãs.
Uma coisa legal que aconteceu entre as duas primeiras bandas que tocaram nesse dia é que os músicos do Lord Of The Lost ficaram o tempo todo atrás do palco vendo o show do Beyond The Black, que retribuíram assistindo o show dos conterrâneos alemães.
Agora o setlist contava com os sucessos da banda passando por todos os seus álbuns e diferentes caminhos que seus músicos já seguiram. Terminando o show com Blood & Glitter que levou os fãs a pularem e dançarem como se o show não estivesse acabando, mas como se eles quisessem aproveitar cada segundo daquele momento.

Setlist Lord Of The Lost:
The Curtain Falls
The Future of a Past Life
Loreley
Destruction Manual
For They Know Not What They Do
Raining Stars
Six Feet Underground
Born With a Broken Heart
Live Today
Die Tomorrow
Drag Me to Hell
We’re All Created Evil
Blood & Glitter
Paradise Lost

A próxima banda a ocupar o palco Ice era uma das grandes expectativas do dia (principalmente entre os colegas de imprensa), o Paradise Lost.
A banda inglesa de metal gótico tem em sua formação: Nick Holmes (vocal), Gregor Mackintosh (teclado), Aaron Aedy (guitarra), Stephen Edmondson (baixo) e Guido Montanarini (bateria).
Contrário da banda anterior, seus músicos entram ao palco com roupas comuns, parecendo uma banda de nu metal, ou de metal clássico, a ideia ali era mostrar sua música e a maturidade de seus integrantes que estão na cena desde os anos 80.
Porém, o Paradise Lost não é a mesma banda de seu início e acabou tendo grandes mudanças durante as décadas, principalmente nos últimos anos, o que nos leva ao estilo atual da banda. Até mesmo as músicas mais antigas acabavam tendo uma melodia nova que se encaixa com o estilo atual da banda.
A nova sonoridade é mais pesada e crua, mas sem deixar a sedução do gótico, principalmente vinda do teclado. Entretanto, todas essas mudanças não parecem importar os fãs. Muitos que estavam ali foram especificamente pela banda e tiveram pessoas falando ter comprado ingresso apenas para vê-los.
Nesse momento já era possível ver toda a pista e lounge lotados, algo que costuma acontecer mais a noite e mais no sábado. Ver o domingo com aquela quantidade de gente mostra a escolha certa do festival em relação às bandas.
O Paradise Lost não é uma banda de grande produção em cima do palco ou que necessitam de muitas firulas para entregar seu show. Eles seduzem o público com sua música e isso se mostra ser o suficiente para os fãs. Em poucos momentos o público pulou ou bateu cabeça às canções, mas todos cantaram juntos e era possível ouvir os fãs dizendo que foi o melhor show do festival. Isso mostra como as diferenças de gostos podem sim caber em um mesmo festival e é possível agradar aos diferentes fãs de heavy metal.

Setlist Paradise Lost:
Enchantment
Forsaken
Pity the Sadness
Faith Divides Us – Death Unites Us
Eternal
One Second
The Enemy
As I Die
Smalltown Boy (Bronski Beat cover)
The Last Time
No Hope in Sight
Say Just Words
Kamelot

Com a saída do Paradise Lost do palco, demos o fim do gótico no festival e voltamos para o power metal com uma banda que iria fazer seu segundo show naquele festival e naquele final de semana.
O Kamelot já havia tocado no sábado (clique aqui para ler a resenha) e estava de volta aos palcos do Bangers para cobrir o horário que seria da banda de Metalcore I Prevail.
Dessa vez eles iriam entregar um setlist diferente e com canções que são poucos tocadas nos shows como The Human Stain e Center of the Universe. Já do mais recente álbum, The Awakening, eles tocaram Opus of the Night (Ghost Requiem) que não estava no setlist do sábado. Phantom Divine (Shadow Empire) do álbum Haven e Sacrimony (Angel of Afterlife) do Silverthorn também eram novidades naquele setlist.
Entretanto, as surpresas não pararam por ali. Além de Melissa Bonny do Ad Infinitum que já estava com eles como artista convidada, o show também contou com Adrienne Cowan que veio para o Brasil com o Avantasia e é vocalista da banda Seven Spires.
Adrienne tinha a missão de fazer os guturais das canções e entregou com primor e personalidade, o que é uma forte característica do Kamelot.
Infelizmente a maioria dos fãs compraram ingresso para o show do sábado e nem todos que estavam ali conheciam a banda. Muitos estavam atentos ao show e sabiam as músicas mais conhecidas como Forever ou March Of Mephisto, mas não havia a mesma empolgação do sábado.
O que não abalou a banda que conseguiu atrair o público para o show, principalmente nas brincadeiras que Tommy faz convidando o pessoal a gritar o mais alto possível ou cantar junto com ele. Até teve um momento em que eles tocaram We Will Rock You do Queen e o público agitou batendo palmas e gritando.
Já para aqueles que são fãs dedicados e estavam nos dois dias, ou apenas no domingo, aquele foi um presente do festival que deu a oportunidade dos fãs de verem uma banda tão grandiosa em um palco que pertence a eles e sua magnitude. Era possível ver fãs chorando, cantando as músicas e pulando o tempo todo. Do outro lado, os músicos olhavam diretamente para eles e apontavam mostrando que eles sabiam que os fãs de verdade estavam ali.
O show do Kamelot foi o aquecimento perfeito para aquela noite que seria tomada por muito power metal e com bandas clássicas do estilo.

Setlist Kamelot:
Phantom Divine (Shadow Empire) (com Adrienne Cowan)
Rule the World
Opus of the Night (Ghost Requiem) (com Melissa Bonny)
Insomnia
Sacrimony (Angel of Afterlife) (com Adrienne Cowan e Melissa Bonny)
The Human Stain
Center of the Universe (com Melissa Bonny)
New Babylon (com Melissa Bonny)
Forever
March of Mephisto(com Melissa Bonny)
Kerry King

Contudo, antes de sermos agraciados com grandes shows do power metal, era hora de um dos reis do trash metal subir ao palco, o guitarrista e um dos fundadores do Slayer, Kerry King.
Atualmente ele segue uma carreira solo, mas também tocando músicas do Slayer em seus shows.
Esse horário, durante o festival, em que as bandas de trash metal dominavam o palco, deveria ser considerado a hora do caos, pois era o momento que havia mais rodas de mosh, pessoas batendo cabeça e pulando durante o show. Isso aconteceu no sábado com o Municipal Waste.
O show começou com muito peso e animação, sem tempo para baladas ou canções mais leves, as primeiras músicas eram da carreira solo de King, passando por Killers do Iron Maiden e uma leva de canções do Slayer.
King ficava mais em seu canto, olhando diretamente para os fãs, principalmente os que estavam ao lado direito do palco, deixando as interações para seu vocalista que agradecia constantemente o público e ficava impressionado com a energia dos brasileiros.
Muitos fãs de Slayer saíram de lá impressionado com a oportunidade de ter visto uma lenda tocando ao vivo e com a satisfação de estarem no festival naquele dia e momento.

Setlist Kerry King:
Where I Reign
Rage
Trophies of the Tyrant
Residue
Two Fists
Idle Hands
Disciple (Slayer song)
Killers (Iron Maiden cover)
Shrapnel
Raining Blood (Slayer song)
Black Magic (Slayer song)
From Hell I Rise
Blind Guardian

Eu confesso que achei que teríamos uma queda na quantidade de pessoas no festival após a saída do Kerry King, para mim todos iriam para o outro lado do festival ver o Nile, Vader e Destruction, o que resultaria em um vazio na frente do palco Hot e Ice.
Na verdade, eu não poderia estar mais enganada e o que encontrei foi uma multidão a frente dos dois palcos, era gente até o fundo da pista esperando pelo Blind Guardian.
O que é mais irônico de tudo isso é que a banda não estava no lineup inicial, sendo escalada para o festival após a desistência das bandas Knocked Loose e We Came as Romans, a outra banda a integrar o festival no lugar delas foi o Destruction.
Infelizmente, as três bandas que iriam dar o nome ao Metalcore no festival acabaram cancelando sua vinda para o Brasil e deixando esse estilo desfalcado dentro do festival. E isso é ruim já que é um estilo musical que sofre muito preconceito, principalmente dentro do heavy metal, não sendo bem aceito pelos fãs de outros estilos. Nas redes sociais havia muitos fãs comemorando a desistência deles e as trocas de bandas, o que é um passo para trás já que o heavy metal é um estilo que foi criado da rebeldia e da ideia de não seguir um padrão, então quando você exclui algo que não segue aquela regra, você já está indo contra o heavy metal.
Por outro lado, mostra como o power metal cabe muito bem dentro do festival e o Blind Guardian era, de longe, um dos shows mais lotados dos três dias de Bangers.
Isso mostra que um público forte e valioso para o festival é os de mais de 30 anos, essa geração millenial que está trabalhando, tem seu próprio dinheiro e está em busca de satisfazer os sonhos que não eram possíveis ser realizados na infância. Isso não é apenas uma opinião minha, são estudos que mostram as características das gerações e isso é muito ressaltado na geração Y.
São eles que irão encher o festival e fornecer a oportunidade de bandas novas também participarem e serem conhecidas pelos fãs brasileiros.
Mas voltando para o show, o Blind Guardian não é novo para o público brasileiro e sabia exatamente como atrair e agradar todos que estavam ali.
As mãos da plateia ficaram constantemente levantadas para agitar a cada canção da banda e todos pulavam sempre parar. A entrega do público àquele show foi algo surreal e incrível de se ver.
Era possível ver até as pessoas ao final da pista agitando com o show. E o local estava tão cheio que acabamos ficando em um corredor ao lado, e a na frente da sala de imprensa, porque chegar até o lounge estava impossível.
Formada por: Hansi Kürsch (vocal), André Olbrich (guitarra), Marcus Siepen (guitarra) e Frederik Ehmke (bateria). Com Johan Van Stratum no baixo.
O setlist contava a história da banda, contendo os clássicos e algumas canções que não eram tocadas há alguns anos como Mordred’s Song e Tonelorn (Into The Void).
Em vários momentos, Hansi colocava o público para cantar os refrões das canções ou fazer um cântico repetitivo (os famosos ohhhhh ou ahhhh) que é uma característica clássica de bandas como o Blind Guardian. Isso dava ainda mais intensidade e emoção para o show.
A apresentação se encerrou com Valhalla e manteve o clima do show o mais alto possível, fazendo todos ali cantarem junto esse hino da banda.

Setlist Blind Guardian
Imaginations From the Other Side
Blood of the Elves
Mordred’s Song
Violent Shadows
Into the Storm
Tanelorn (Into the Void)
Bright Eyes
Time Stands Still (At the Iron Hill)
And the Story Ends
The Bard’s Song – In the Forest
Mirror Mirror
Valhalla
W.A.S.P

O festival estava próximo de seu fim, mas isso não desanimava o público que estava ali esperando os próximos shows do domingo.
Após o fim do Blind Guardian, quem subia ao palco era a banda de hard rock americana W.A.S.P. Uma escolha que dividiu o público entre os fãs do estilo que estavam ali apenas para ver a banda e o público que esperava pelo Avantasia.
Show do W.A.S.P agradou aos fãs que estavam ali, mas tendo uma visão de fora não estava entregando a qualidade e o alto nível das outras bandas daqueles três dias.
Primeiro porque era notável o playback vindo da banda, nem a participação do baterista brasileiro Aquiles Priester tirou o incomodo de não estar ouvindo o show ao vivo.
E na hora que o vocalista Blackie Lawless falava, sua voz saía rouca e era difícil de entender o que ele dizia, apenas algumas palavras eram audíveis. Por isso não deu muito para saber o que ele falava para a plateia.
Formada por: Blackie Lawless (vocal e guitarra), Mike Duda (baixo), Doug Blair (guitarra) e Aquiles Priester (bateria), a proposta do show era tocar o álbum W.A.S.P na íntegra com algumas outras canções da carreira da banda.
O que chamava atenção no show eram as roupas que traziam a característica glam anos 80 da banda, muito fãs também se vestiam no mesmo estilo.
Após The Real Me, um cover de The Doors, o vocalista chama Aquiles para falar no microfone que disse que aquele era o show mais importante de sua carreira. Também agradeceu ao Bangers e não poupou elogios a qualidade do festival.
O W.A.S.P surgiu em uma época que o ideal do heavy metal e hard rock era se rebelar e fugir das regras impostas dentro da sociedade. As roupas, os cabelos, as atitudes eram uma forma de combater o conservadorismo e as regras caretas que dominavam os Estados Unidos.
Mas não é isso que a gente vê na banda hoje em dia, seu vocalista e único membro fundador da banda, se assumiu um homem conservador e apoiador do presidente americano Donald Trump. O que gera uma dúvida sobre o que faz sentido para ele em ficar ao lado de alguém tão preconceituoso e que sempre foi o inverso da ideologia do heavy metal.
Uma pena um horário tão significativo para um festival ser entregue a uma banda que não acredita na própria filosofia do estilo. Mas isso, infelizmente, acaba mostrando o que o rock n’ roll se tornou atualmente. Com pessoas criando regras preconceituosas e absurdas, ou aqueles que acreditam que não se pode misturar política e cultura.

Setlist W.A.S.P:
I Wanna Be Somebody
L.O.V.E. Machine
The Flame
B.A.D.
School Daze
Hellion
Sleeping (in the Fire)
On Your Knees
Tormentor
The Torture Never Stops
The Real Me
Forever Free / The Headless Children
Wild Child
Blind in Texas
Avantasia

Com o fim do show do W.A.S.P voltamos para o power metal com a última atração da noite, o Avantasia.
A escolha para a banda encerrar o festival foi a melhor possível, pois uma apresentação do Avantasia é sempre grandiosa e cheia de energia. É impossível não ficar completamente maravilhado pelas escolhas de vocalistas que acompanham Tobias Sammet em cima do palco.
Mas vamos começar falando do criador do projeto: Tobias subiu ao palco sabendo que não é um estranho para o público brasileiro, vindo para o Brasil diversas vezes durante as décadas desde o surgimento do Avantasia.
O vocalista constantemente agradecia e elogiava o público brasileiro, ele conversava com os fãs como se fosse uma roda de amigos, falando sobre seu amor pelo Brasil e explicando sobre a escolha das músicas.
Mesmo sendo um festival, Tobias apostou em trazer o setlist da sua turnê mais recente que é focado no último álbum Here Be Dragons.
Esse lançamento não teve um bom feedback entre os fãs, o que não faz muito sentido por ser um álbum que representa totalmente a personalidade e estilo do dono da banda. O que pode ter causado confusão era uma espera do álbum ser mais voltado para o power metal, mas ele ter uma forte influência do hard rock anos 80 (um estilo que Tobias gosta muito e sempre coloca em suas músicas).
Tobias pergunta para os fãs se eles gostaram do álbum e não teve uma resposta muito boa, mas mantendo o bom humor, o vocalista disse que toda vez que um artista lança algo novo, os fãs precisam mentir para ele e dizer que era muito bom. Então ele faz uma brincadeira como se estivesse voltando no tempo e pergunta novamente para os fãs se gostaram do álbum. E todos prontamente gritam sim bem alto. O vocalista fica contente com a resposta e continua o show.
Das canções que faziam parte do álbum mais recente tiveram: Creepshow, que foi a abertura perfeita para o show por ser uma música animada, rápida e com um refrão contagiante. The Witch com a participação de Tommy Karevik do Kamelot que também canta na versão original. E Avalon com Adrienne Cowan.
Muitas canções de praxe estavam no setlist como Farewell, Lost In Space e The Scarecrow. E algumas surpresas foram de agrado dos fãs como Twisted Mind, que não teve a participação do Tobias, mas era cantada por Ronnie Atkins do Pretty Maids e Eric Martin do Mr. Big. The Toy Master e Death Is Just a Feeling, originalmente gravadas por Alice Cooper, foram interpretadas por Tobias que encaixou as canções muito bem com a proposta do show que tinha um ar sinistro e teatral.
Entre os vocalistas, também estava Herbie Langhans, Chiara Tricarico e Jeff Scott Soto que fez uma participação especial no show cantando Shelter From The Rain.
O palco possuía uma grande estrutura como se fosse o portão de um castelo sombrio. Enquanto no telão era colocado cenas dos álbuns das canções que eram tocadas naquele momento. Algo grandioso e bem fantasioso, o que tem tudo a ver com o Avantasia.
Já a banda entregava tudo de si para dar a melhor qualidade as canções da banda que são produzidas como se fosse um grande musical, então para demonstrar aquele sentimento, era preciso que tudo estivesse impecável.
Tobias, o maestro daquela orquestra guiava os músicos e o público para dentro de seu castelo e mostrava todo o show de aberrações que segue a proposta do novo álbum. Tudo é pensado calculadamente pelo vocalista e nada sai de seu roteiro.
Para nós, restava sermos tragados por sua música e performance e aproveitar cada momento em que estávamos ali vivendo aquela experiência única. Porque o Avantasia pode vir várias vezes para o Brasil, mas um show nunca será como o outro.
Ainda preciso ressaltar que a escolha da banda para encerrar o festival foi uma das melhores possíveis, pois nos mostra a proposta de alta qualidade e devoção ao heavy metal que o Bangers quer passar para o público e receber de volta de quem estava lá. O que eles conseguiram com muito sucesso.

Setlist Avantasia:
Creepshow
Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)
The Witch (com Tommy Karevik)
Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)
Dying for an Angel (com Eric Martin)
Twisted Mind (com Ronnie Atkins e Eric Martin)
Avalon (com Adrienne Cowan)
The Scarecrow (com Ronnie Atkins)
The Toy Master
Shelter from the Rain (com Jeff Scott Soto)
Farewell (com Chiara Tricarico)
Let the Storm Descend Upon You (com Ronnie Atkins e Herbie Langhans)
Death Is Just a Feeling
Lost in Space
Sign of the Cross / The Seven Angels (todos os vocalistas no palco)
O fim do show veio com a ansiedade e esperança do que está por vir para o ano que vem, sabendo que independente do que aconteça, o Bangers Open Air irá nos entregar um festival de qualidade e com a paixão do heavy metal.
Nos vemos em 2026!
Foto de capa: Rafael Andrade